Jardineiro é preso e denuncia ter sofrido tortura de policiais após filmar abordagem com prisão de outras pessoas, em Piraquara

 Jardineiro é preso e denuncia ter sofrido tortura de policiais após filmar abordagem com prisão de outras pessoas, em Piraquara
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Câmera de uma panificadora registrou policial estrangulando o morador, em Piraquara — Foto: Reprodução/RPC

G1 Paraná

Um jardineiro foi preso após uma abordagem da Polícia Militar (PM), em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele afirma ter sido vítima de tortura por parte da equipe de segurança. Everton Fabrício Pontedura filmou uma ação policial no bairro onde mora por não concordar com a abordagem da equipe. Nas imagens, ele criticava a ação dos PMs, que estavam prendendo duas pessoas. Depois de fazer as imagens, o jardineiro foi cercado pelos agentes em uma panificadora, onde afirma ter sido agredido. Uma câmera do local registrou um dos policiais segurando o pescoço do jardineiro.

Abordagem

O caso aconteceu no dia 6 de agosto. Uma equipe da Polícia Militar foi até o local depois de uma reclamação de som alto. No vídeo, Everton questiona o que considerou excessos dos policiais na abordagem e na prisão de uma comerciante e do marido dela. “Eu comecei a gravar o que estava acontecendo ali. Eu estava achando que não estava certa a atitude, por isso gravei”, disse. O jardineiro afirmou que, depois da confusão, parou de gravar e foi até uma uma panificadora próxima. Câmeras do local mostram que os PMs também entraram e abordaram Everton, que estava com as mãos para trás. Em seguida, um dos policiais segurou o jardineiro pelo pescoço. Depois de alguns segundos, Everton caiu no chão. Ele contou que os policiais pediam o celular usado por ele para gravar a primeira ocorrência. “Ele vem e vem com muita violência, cara. ‘Cadê o celular?’ e me estrangula, e nesse tempo aí eu já não consigo mais falar”, afirmou o jardineiro.

No boletim de ocorrência, os PMs afirmaram que o jardineiro e um policial se agrediram fisicamente e que Everton ofereceu resistência para que fosse encaminhado para as devidas providências judiciais. Sobre as prisões do casal de comerciantes, gravadas pelo jardineiro, os PMs informaram no B.O. que o marido “deu de dedo” no rosto de um dos policiais e ficou questionando a abordagem, e que a mulher agrediu um policial com um soco na nuca.

Policiais informaram em boletim que comerciantes reagiram à abordagem, que terminou com prisões em Piraquara — Foto: Reprodução/RPC
Boletim de Ocorrência, conforme versão dos policiais

O advogado de Everton, Igor Ogar, discordou das acusações de resistência à prisão e de lesão corporal, apontadas como motivo da prisão do jardineiro. Para o advogado, os policiais é que devem responder pelos desdobramentos da ocorrência. “Praticam o crime de tortura. Tortura física e psicológica contra o Everton. O crime é praticado por todos os policiais que ali tinham o dever de proteger o Everton”, afirmou.

PM diz que agentes foram agredidos na prisão dos comerciantes

A Polícia Militar informou que a equipe de policiais sofreu agressões por parte do casal de comerciantes, que o marido resistiu à prisão e que o filho deles fez ameaças com uma faca. Sobre a abordagem ao jardineiro Everton, dentro da panificadora, a PM não comentou. A corporação afirmou, apenas, que em qualquer situação deste tipo, a pessoa que entender que ação não foi adequada deve procurar a Corregedoria da Polícia Militar e formalizar denúncia, para que uma apuração seja iniciada. Segundo a PM, “toda e qualquer denúncia recebida é apurada”.

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