Barco com brasileiros naufraga na Guiana Francesa e famílias cobram por buscas: ‘Ilegais, mas seres humanos’

 Barco com brasileiros naufraga na Guiana Francesa e famílias cobram por buscas: ‘Ilegais, mas seres humanos’
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Militares da Guiana Francesa no Oceano Atlântico Foto: Divulgação/Forças Armadas da Guiana Francesa

Globo

Dez dias após um naufrágio no Oceano Atlântico, na costa da Guiana Francesa, familiares de brasileiros ainda aguardam informações sobre seus parentes. Uma canoa clandestina com 24 passageiros afundou na noite de 28 de agosto. A embarcação havia partido do município de Oiapoque, no Amapá. Os trabalhos de busca resgataram quatro pessoas com vida e um corpo – ainda sem identificação – foi localizado. Um dos desaparecidos é Raimundo de Souza Melo, de 44 anos. Ele embarcou rumo à Guiana Francesa à procura de trabalho. Pouco antes de entrar na canoa, Melo telefonou para a família e avisou que faria essa viagem.

Raimundo de Souza Melo é um dos desaparecidos Foto: Reprodução
Raimundo de Souza Melo é um dos desaparecidos Foto: Reprodução

— O Raimundo ligou para minha mãe no sábado, antes de fazer a viagem. Ele estava acostumado a viajar de canoa e ia para Guiana procurar trabalho — disse Ivonete de Souza Melo, irmã do desaparecido. — Ele fez essa viagem procurando melhor para família dele, atrás de sobrevivência, do jeito que está nosso país, não está fácil com o custo de vida, ele não fez nada errado — justificou. A rota marítima a partir de Oiapoque é uma das que mais atrai imigrantes ilegais no norte do Brasil. Por meio de embarcações ilegais, brasileiros tentam chegar à capital da Guiana Francesa, que é considerada uma extensão do território da França, integra a União Europeia e utiliza o Euro como moeda oficial. “— Minha mãe está desesperada por notícias do filho. Meu irmão tem três crianças. Então eu peço para as autoridades ajudarem, para dar apoio, porque independente de serem ilegais, eles são seres humanos”, afirmou Ivonete.

Fugir da crise financeira também motivou Ingridh de Souza Pereira, de 29 anos, a subir em uma embarcação ilegal. Ela se animou depois que uma sobrinha passou uma temporada em Cayenne e conseguiu juntar dinheiro. Mãe de três filhas, a menor com um ano de idade, Ingridh decidiu que ficaria até o fim do ano na capital da Guiana Francesa trabalhando como doméstica e então retornaria para Santana, no Amapá.

— Ela iria encontrar com um cunhado que está lá, mas ele é acostumado, sempre vai para trabalhar como pedreiro clandestino. Como ela não chegou no dia esperado, ele ligou preocupado. A irmã da Ingridh foi para Oiapoque atrás de notícias, já esteve em hospital, funerária, Polícia Federal e ninguém tem notícias. Estamos desesperados — afirmou Glissy Aguiar, cunhada da desaparecida. De acordo com Glissy, um dos sobreviventes resgatados reconheceu Ingridh em uma foto e confirmou que ela estava na embarcação. Ela pede para que as buscas não sejam interrompidas e tem esperança de encontrar a cunhada com vida. “Até agora não vi nenhuma autoridade dizer qualquer palavra. Todos os dias entro nas redes sociais deles e ninguém fala nada. Nós não temos acesso a consulado e precisamos das autoridades para conseguir informação” lamentou. A filha de Lana Silva também estava na embarcação. Em uma rede social, ela busca notícias de Ellen Pantoja dos Santos. “Estou desesperada pois não estou conseguindo obter notícias do lado francês”, escreveu. “Que Deus nos dê forças nesse momento de aflição”, acrescentou.

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