Algo deu bem errado no caminho
Primeiramente amigo leitor, gostaria de destacar que a coluna de hoje não é fruto de alguma psicografia ou do que “eu acho.” Hoje venho compartilhar uma experiência, algo constatado e que gera certo receio em relação ao futuro. Meu nome é Wilson Luiz, cursei a faculdade de direito, estudei recursos humanos, mantenho um instituto de ensino profissional, idiomas, ofereço pós-graduação, graduação, leciono nas áreas técnica e profissionalizante, realizo palestras e treinamentos na áreas pública e privada. Paralelo a estas atividades, pratico a medicina tradicional chinesa, possuo formação em quiropraxia, massoterapia e estudo fisioterapia.
Durante alguns trabalhos de treinamento, com destaque para a área de RH, mexo com recrutamento e seleção, não só treinando, como realizando a função de forma terceirizada. E o amigo leitor quer saber como eu “quebro” o candidato ao emprego? Simplesmente peço para ele redigir no verso do currículo, uma carta manuscrita de pedido de emprego. Sem exagero, 15% se salva. Se não me perguntam como começa, escrevem “proficional”, “enprego”, “curícolo”, “está vaga ao invés de esta vaga (sem acento)”, “muinto”, e sem mais delongas, a angústia toma conta. Lanço o seguinte problema básico: Tenho um boleto de R$ 349,00 prevendo 2% de multa de atraso e vou pagar com 5 dias de atraso, com juros diários de 0,033%. Calcule o valor total do pagamento. Simplesmente arrebento o pessoal, raros os que conseguem fazer a conta básica, e parte dos que conseguem, calculam juros sobre a multa.
Amigo leitor, estou descrevendo situação real, pessoal saído do ensino médio. Não sei onde “furou o esquema” mas é tenso. Não podemos generalizar, mas temos aí uma geração que decorou todos os atalhos do Free Fire mas não decorou a tabuada de 7. Possuem robótica, existe projetinho para saber os gases da superfície de Vênus mas não conseguem redigir uma linha sem um erro ortográfico. Algo que funcionava foi atropelado lá na base. Vejo professores se desdobrando para obter resultados com os recursos que possuem, mas tenho a nítida impressão que alguém veio minando ao longo dos anos o trabalho de base que a escola tem como prerrogativa. Lembro da minha mãe, hoje com 70 anos contando: “- Estudei no interior até o 4º ano em uma escolinha mantida pelo DNER. Na época diziam para não se preocupar se escrevia certo ou não, diziam que tinha só que formar a palavra!” Mãe, minha escolinha nos anos 80 me cobrava muito, no terceiro aninho eu redigia redações complexas, mas olhando friamente, acho que seu tempo agora voltou!