Frio mata mais de mil cabeças de gado no Mato Grosso do Sul
Mais de mil cabeças de gado morreram de frio no Mato Grosso do Sul, na semana passada. O diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Daniel Ingold, explica que o gado é mais adaptável ao clima quente e a queda brusca de temperatura deixa os animais mais expostos, reduzindo suas defesas naturais.
Ele acredita que o número de animais mortos seja ainda maior, uma vez que nem todos os pecuaristas fizeram as devidas notificações. A maior concentração de gado morto é na região do Pantanal, onde a exposição dos animais ao frio é muito maior, devido o bioma estar em época de cheia, ser uma planície e com poucos abrigos naturais. “No campão aberto é muito frio. Os animais tem poucos abrigos e com isso acabam morrendo”, disse. A Iagro estima que o prejuízo para os produtores rurais tenha sido de mais de R$ 3 milhões.
Veterinário aponta outro problema
O médico veterinário Leonardo Cota Quintão lembra que a principal defesa do animal é a sua condição física, ou seja, se ele está bem nutrido e saudável. Aqueles que estão debilitados (magros) são mais susceptíveis às intempéries do clima, como no episódio de frio atípico na região do Pantanal. Nesse sentido, Quintão levanta a hipótese de que os animais que morreram no Pantanal talvez estivessem subnutridos, com baixo peso. Segundo ele, o gado nessas condições fica muito mais vulnerável aos efeitos de uma mudança brusca de temperatura. “Debelar qualquer doença ou adversidade, nessas condições, fica muito mais difícil”, explicou.
Segundo Quintão, gado morrer de frio é um evento raro. Em seus dez anos de experiência, percorrendo propriedades rurais mineiras, ele disse nunca ter presenciado uma ocorrência desse tipo. “Os animais podem até ficar desconfortáveis em baixas temperaturas. Mas, para virem a óbito, precisam ter outras vulnerabilidades associadas”.
Outra questão, segundo ele, é que os rebanhos de corte são criados, na maior parte das vezes, em pastos extensivos (áreas grandes com pastejo à vontade). “Nesses casos, o produtor não tem muito o que fazer para aquecer esse gado”.
Fazer fogueiras, resolve?
Pelo contrário, fazer fogueiras com esse objetivo é uma “temeridade”, diz Quintão. Um pecuarista do próprio Mato Grosso do Sul se orgulhou da ideia publicando um vídeo em suas redes sociais em que o gado aparece ao redor de uma fogueira. O médico veterinário rejeita, completamente, esse tipo de iniciativa. “Produtores devem tomar muito cuidado com fogo, especialmente, nessa época do ano. Pois, com o mato seco, é grande o risco de um foguinho de nada virar um incêndio de grandes proporções. “Tenham em mente que medidas drásticas, desesperadas, podem acabar causando um problema muito maior”, alerta.
O que se pode fazer para proteger o rebanho no inverno?
- Manter os animais bem nutridos por meio de boas pastagens ou suplementos;
- Manter a sanidade dos animais em dia com a cobertura do calendário vacinal e acompanhamento médico veterinário constante;
- Evitar medidas drásticas, como as fogueiras
- Quando possível, oferecer algum tipo de abrigo aos animais