Justiça bloqueia R$ 4,5 milhões em bens de policial rodoviário estadual, no Paraná

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Posto policial rodoviário Paraná (Divulgação)

G1 Paraná

A Justiça bloqueou mais de R$ 4,5 milhões em bens de um policial rodoviário estadual e da esposa dele, segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR). A informação foi divulgada nesta sexta-feira (24). Conforme o MP-PR, a medida liminar ocorreu a partir de uma investigação da Operação Força e Honra, em que o policial apareceu como suspeito de envolvimento em atos de corrupção enquanto atuava no posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Cruzeiro do Oeste, no noroeste do estado.

Segundo o Ministério Público, o policial assalariado recebia R$ 7,2 mil e a esposa dele, que é professora da rede de ensino estadual, recebia R$ 2,8 mil por mês. Mesmo assim, foi constatado que o casal teve grande acréscimo patrimonial, sem comprovação de origem.

O sargento Marco Rogério Cunha responde na ação por improbidade administrativa. Se condenados, o casal pode perder os cargos e precisará devolver os valores obtidos de forma ilegal.

Cunha responde ainda criminalmente por envolvimento no esquema de corrupção. O g1 não conseguiu contato com a defesa do investigado até o fechamento desta reportagem.

Ao longo do período analisado, entre 2010 a 2021, os dois receberam juntos um total de R$ 964,8 mil, que representam valores incompatíveis com o patrimônio familiar, conforme a investigação.

Em 2021, policiais rodoviários foram presos em desdobramento da operação Força e Honra — Foto: Reprodução/RPC
Em 2021, policiais rodoviários foram presos em desdobramento da operação Força e Honra — Foto: Reprodução/RPC

Os três veículos da família, por exemplo, são avaliados em R$ 427 mil. O casal também adquiriu sete imóveis no período e teve movimentações bancárias pouco acima de R$ 3,7 milhões, segundo o MP-PR.

O Ministério Público alega, na ação civil pública, que foi identificada “a constituição de vasto acervo patrimonial em nome de ambos os requeridos e de terceiros a eles atrelados”, o qual se soma aos “indícios de atos de corrupção” envolvendo o policial.

A Polícia Militar (PM) do Paraná destacou que não compactua com desvios de conduta na corporação. Além disso, informou que está colaborando com as investigações e apurando rigorosamente as infrações cometidas por servidores ligados à Instituição.

A liminar ocorreu por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Goioerê, na região centro-oeste, e do núcleo de Umuarama, no noroeoste, do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria).

Ministério Público do Paraná — Foto: Divulgação/RPC
Ministério Público do Paraná — Foto: Divulgação/RPC

Corrupção

A Operação Força e Honra, desencadeada em julho de 2021 pelo MP-PR, investigou o recebimento sistemático de “propinas” por parte de policiais rodoviários estaduais para permitir a passagem de veículos transportando mercadorias de origem estrangeira sem o devido pagamento de tributos, considerado como crime de descaminho. Além de, em outros casos, para facilitação do tráfico de drogas.

Conforme a operação, eventualmente, os policiais investigados liberaravam infratores que não acertavam o pagamento de propina após ficarem com parte dos produtos, que eram revendidos depois para empresas especializadas em comércios de equipamentos eletrônicos e outras.

Em muitas situações, os boletins de ocorrência eram registrados de modo genérico para facilitar a apropriação das mercadorias apreendidas.

As investigações que levaram à deflagração da operação tiveram início em agosto de 2020 e foram feitas pela Corregedoria da Polícia Militar em conjunto com duas unidades especializadas do MP-PR, o núcleo de Umuarama do Gepatria e o núcleo de Cascavel, no oeste, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

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