‘Festa da Covid’ no PR mostra servidores em presídio fazendo churrasco

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Caso já vem sendo investigado e responsáveis serão responsabilizados

Banda b

Cinco servidores estaduais estariam infectados pelo novo coronavírus após uma festa de aniversário com 15 pessoas dentro de uma unidade prisional, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. “Recentemente teve uma festa de aniversário dentro do Complexo Médico Penal e essa festinha recebeu até um apelido: “Festinha da Covid”. O evento contava com aproximadamente 15 pessoas, e destas, cinco já foram confirmadas com coronavírus”, revelou a funcionária que preferiu não se identificar.

O Complexo Médico Penal recebe presos de unidades prisionais de Curitiba, Região Metropolitana e de Ponta Grossa. O local atende presidiários com suspeita de contaminação por coronavírus. Um agente penitenciário também procurou a imprensa e reclamou da confraternização. “O pessoal devia dar exemplo aqui e estão aí fazendo festinha para os aniversariantes do mês. Agora todo mundo está aí pagando o preço dessa palhaçada. Nunca vi tamanho descaso de gestores com a saúde do servidor público. É vergonhoso”, afirmou o agente. Ainda de acordo com os servidores, que procuraram a Banda B, o Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen-PR) sabe do caso, mas não tomou nenhuma atitude. “Infelizmente falta transparência do Depen em relação ao número real de infectados, o que gera instabilidade entre todos os servidores”, comentou a funcionária.

O diretor do Depen, Francisco Alberto Caricati, negou ter conhecimento da festa  e disse que quem poderia responder sobre a veracidade da denúncia ou não seria apenas o diretor da própria unidade prisional envolvida. O diretor geral do Complexo Médico Penal, Samuel Moreira, negou a realização de qualquer festa em um primeiro contato coma reportagem da Banda B. Alguns minutos depois ele confirmou a festa, mas disse que ela aconteceu fora do complexo médico. “Levantei a informação aqui e o que teve foi um churrasco. Foi fora da unidade e não foi com o pessoal daqui, foi de outra unidade”, explicou.

Infectados

Entre os servidores que teriam sido infectados após a festa estão três agentes penitenciários, um médico psiquiatra e uma enfermeira. A reportagem procurou um dos agentes, que confirmou a contaminação, mas também negou a festa.

Isabel Mendes, presidente do conselho da comunidade da comarca da RMC – Órgão da execução penal, que fiscaliza o sistema penal, mostra preocupação com a denúncia. Ela reclamou da falta de acesso à informação de detentos com o novo coronavírus: “se você olhar as informações sobre todos os estados em relação aos casos de Covid no sistema penitenciário, o Paraná é o único que não manda a informação”.

O vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná – SINDARSPEN – José Roberto Neves, também criticou a falta de divulgação de novos casos de covid-19. Ele mostrou preocupação com as denúncias. “Você imagina o que é o contágio de um preso ou de um conjunto de presos que está totalmente aglomerado dentro da carceragem. Lá não tem espaço pra dividir quem tá e quem não está com Covid. Então todo o esforço deve ser para o vírus nem chegar”, reclamou. O CMP conta com aproximadamente 800 presos, entre eles detidos durante a operação lava jato.

Na Penitenciária Estadual de Piraquara já teriam 15 agentes penitenciários confirmados e notificados com Covid. Na Colônia Penal Agrícola, três agentes também teriam sido confirmados com coronavírus, inclusive o diretor da Unidade. Na penitenciária de Cascavel, também há casos confirmados de Covid-19.

 

oreporter

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